segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sob diversos efeitos, enquanto a música tocava

Junho, 13.

(alguém pega uma caneta e um papel)

T.P. neste momento se prepara para tocar algo em seu violão para aqueles que, enquanto proferem temas grotescos e até mesmo inverídicos, lhes observam dançando discretamente. Ela desistiu da música com a mesma rapidez que tocou o braço do instrumento, o que me fez duvidar de suas intenções primeiras. Desistiu de tocar algo para seu seleto público, porém intimamente algo a tocava. Até a porta bater ela ouviu tocar. Não era ninguém, por enquanto.
Seu quarto estava diferente desde a última visita que havia feito ali. Seu quarto agora guarda algo que tornou-se passageiro: sua identidade. As malas, o espaço, a não-cama. O estrangeiro.

(música romântica e brega; música que não prestei atenção; Vento no Litoral)

Em meio a discussões econômicas sobre o nosso negócio, lembranças musicais: quais?
I hope you don’t mind what I’ve put down in words.” (Elton John)

W.: “Sabe o que é quando…?”.
Forró estilizado romântico, segundo W., o cotidiano.

F: “Deixa aí, deixa aí!”.
(alguém o percebeu num momento reflexivo)
T.P.: “Gostou, F.?”

Não se ouviu resposta. A resposta ainda não existia nem para ele.

W.: “Não tenho saliva, procuro saliva”.
W. (cantando): “Sou saboeiraaaaa, sou saboeiraaaaa!!”
T.P., B., F.: (risos)

01:11 - One minute left to someone think about me.

F. tem bons pensamentos ao som de um profundo e reflexivo blues.

T.P.: “Mas, é que cada música desperta uma sensação. Cada música te proporciona uma experiência diferente.”
F.: “Eu queria experimentar um reggae agora...”
W.: “Sou Rita Saimon, agora!”

No início, pensou F. em fechar a porta. Num cochilo de ego, cometou o ato falho e a porta, então, permaneceu aberta. Apenas por isso, durante a noite várias pessoas os visitaram. Suas visitas não eram visíveis para todos. Cada um havia convidado um certo número de pessoas e, em algum momento, todos estavam ali com eles. Pensados, verbalizados, imaginados, desenhados, materializados. Discutiam e eram discutidos. Os visitantes chegavam, acendiam um cigarro e conversavam. Alguns estavam mais felizes do que outros, mas todos dependiam dos quatro que ali estavam para expressarem algo mais. Sentavam e esperavam, observavam. E depois, naturalmente partiam, pois a porta ainda permanecia aberta.

As músicas proporcionam sensações; algumas canções são rejeitadas; algumas sensações também o são.

T.P. (apropriando-se de Cazuza): “O amor é uma mentira que a gente inventa para se distrair. E quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu.”
W. (conclui): “Para amar tem que estar muito dooooido!”

Under The Bridge”, Red Hot Chili Peppers: F. se exalta ao lembrar de quando era mais novo e não tinha preocupações.

T.P.: “Eu fico por aqui com João Bosco.”

W.: “...e como é? E o que eu disse? Satanás!? Meeau!”
B.: “auhauhauahua...vocês lembram? W. no meio do corredor: Satanáááás!?!?!?!” (risos)

B. parecia uma cachorra sorrindo. Ela estava em perfeito estado de equilíbrio, emanando sua paz para os demais. Naquele instante, era o cérebro de todos.

Nobody knows it but you’ve got a secret smile and you use it only for me.” (Semisonic)
Reflexões de F. verbalmente traduzidas por T.P.

Alguém: “Shakira é uma cantora tão...”
W.: “Faz a Shakira!!”
F.: (risos)

Ideologia do Manifesto dos Idiotas: “me arrependerei disso amanhã?” (F.)

Triste estou eu de viver uma vida feliz.” (Móveis Coloniais de Acaju).

Particularmente carinhosa, B. aproxima-se de F. ao som de uma música clássica que o remeteu a temas vampirísticos.

B.: “Eu queria ser uma vampira.”

02:22 - Time passes. Novamente, alguém quase pensando em mim.

(alguém larga caneta e papel)

Muita coisa faz sentido.